Mídia no Brasil

Crítica sobre a atual situação da mídia brasileira, comandada por onze famílias. Fonte: Bola e Arte

Crítica sobre a atual situação da mídia brasileira, comandada por onze famílias, in Bola e Arte

Roberta Damiani e Jose Pinheiro

A história da mídia no Brasil dá-se em 1808 com a vinda da família real e posterior criação da Impressão Régia, hoje conhecida como Imprensa Nacional. No mesmo ano surge o primeiro jornal brasileiro a Gazeta do Rio de Janeiro.

No século XX chega ao Brasil o rádio e a televisão. O rádio trazia a proximidade do ouvinte recepção de  informações. Isso foi ampliado depois com a vinda da televisão, pelas mãos de Assis Chateaubriand.

No final deste século, a Internet veio para mudar completamente esta relação entre emissor e receptor, tanto pelo imediatismo da informação, como pelas possibilidades de se lidar com os elementos que o integravam —som, imagem, texto, conversas online— ampliados depois com a Blogosfera, Redes sociais, animações, vídeos, entre outros recursos multimidiáticos.

De quem é o poder?

Para que o (tele)espectador possa receber informações via rádio ou televisão, é necessário que as emissoras obtenham uma concessão pública, que deve respeitar as leis da Constituição Federal. No artigo 175 e a lei 8987 consta, dentre outras regras, que o proprietário das emissoras não podem ter mais de cinco canais de TV em todo o território, ter pelo menos 5% de seu conteúdo destinado a programas jornalísticos, bem como destinar até 25% para propagandas.

No Brasil, quase 100% dos canais de tevê são de propriedade privada. Aqui o oligopólio não tem limites e os donos de uma emissora televisiva pode ser dono também de jornais, revistas, emissoras de rádio, etc. Apenas 11 famílias controlam o que o público vai ou não assistir, ouvir ou ler. Somos obrigados a saber o que eles querem que saibamos e não o que queremos.

Segundo o site Donos da Mídia, os principais grupos que mantém a maior parte da mídia brasileira são: Abril, com 74 veículos; Globo, com 69 veículos; Grupo Band, com 47 veículos; Gov.BR, com 46 veículos, IURD (ligado à Record) com 27 veículos; Associados (ligado ao SBT), com 19 veículos; Grupo SBC (ligado ao SBT), com 10 veículos; entre outros grupos, sem contar as emissoras afiliadas.

Em 2007, o site Rolling Stones publicou matéria sobre políticos que são sócios ou donos de empresas midiáticas. Na época o deputado Jorginho Maluly além de ser deputado tinha uma emissora de rádio e deu a seguinte declaração: “Existe algo que se chama direito adquirido. Temos na Constituição um artigo que diz que promotor público não pode participar do processo político, e temos deputados que são promotores. Por quê? Porque tinham o direito antes da Constituição. Me tornei parlamentar agora, mas jamais vou usar do meu poder para me beneficiar. Quando houver algo do meu interesse, nem participarei de votações. A comissão é suprapartidária. Estamos avançando para a democratização ainda mais do setor das comunicações. Não podemos misturar os interesses pessoais com os interesses da nação”.

O pesquisador Venício de Lima, na mesma reportagem, diz que isso é incoerência e até mesmo um erro de interpretação da lei, mas ainda assim os políticos possuem meios de comunicação e estão atuando nos cargos. A mídia não se baseia somente em televisão, rádio e impresso. Hoje com o avanço da tecnologia e com as possibilidades Internet é possível acessar variados ambientes e realizar cruzamentos de dados e informações que até pouco tempo estavam nas mãos de poucos. Em outras palavras, não é preciso ter uma concessão para ter um site ou um blog, basta seguir as regras do Marco Civil.

Mesmo assim se torna muito fácil alguém criar um ambiente na web e tecer opinião sobre o “assunto do momento”, em muitos dos casos criando ruídos (buzz) por meio de opiniões e em alguns casos tornando-se ou sendo visto como um formador de opinião. Diante disso e da liberdade sem controle,  os internautas também devem, antes de acreditar em tudo que veem, leem ou pesquisam, pelo menos buscarem outras referências ou aprofundamentos em assuntos que interessam ou merecem maior atenção pelo impacto que provocam. Em outras palavras, é necessário ser mais crítico em relação à notícia recebida. As pessoas não podem colocarem-se como ingênuas deduzindo que tudo que está publicado seja verdadeiro. Pelas características e velocidade, muitas vezes as notícias, histórias ou polêmicas são meros recortes da realidade, ou efetivamente uma mentira completa.


Fontes:

Pesquisa de mídia Brasileira

Mídia e Democracia

A ascenção da mídia

Analise do Discurso e Mídia

História da Imprensa

Criação da imprensa

ANJ

Vídeo: Intervozes

Donos da mídia

Sobre concessão

Parlamentares que desrespeitam a constituição

Para entender como funciona uma concessão

Centralização da mídia


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9 pensamentos sobre “Mídia no Brasil

  1. A mídia no Brasil cresceu através das famílias ou pessoas que as administram e podem publicar conteúdo de acordo com seus interesses. Mas a tal manipulação da mídia mexe com quem se deixa influenciar.

    Há sim, quem acredita plenamente no que um veículo diz, mas isso é algo mais cultural. Atualmente, com a expansão das mídias, existe a possibilidade de busca de conteúdo e muitos, assim, o fazem.

    Com o passar do tempo e do amadurecimento cultural, as pessoas conseguirão absorver e filtrar melhor as informações, para que assim, consiga-se emitir melhores opiniões e fazer melhores escolhas.

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  2. Graças à evolução da imprensa, personificada na internet, a comunicação se tornou mais fácil; a informação, mais acessível; pessoas fisicamente distantes se aproximam. Isso pode ser algo bom ou ruim.
    Há quem diga que mais separa do que une pessoas. Banaliza a informação e cai no descrédito. Tudo depende de como usamos um recurso disponível. O homem precisa ter senso crítico e discernimento sempre.
    Portanto, não importa como acontece a evolução, ela não é boa ou ruim, um meio não é melhor que outro apenas por ser. Melhor ou pior é o homem que o utiliza, não o meio de comunicação em si.

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  3. A grande parte da população do nosso país nem tem consciência de quem é o poder da informação, e creio eu que nem se importam com isso. Nós, estudantes, queremos dar chance ao “povão”, quase impossível com o poder idealizador + fator classe média que temos. Tanto no texto, quanto em sala, questiono o quanto da informação passada é verdadeira. Todos concordamos que é impossível saber…

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  4. Esse texto me fez lembrar um trabalho realizado no ano de 2012 (leituras do cotidiano), a pesquisa era sobre a mídia na segunda guerra mundial, o que naquela época já era utilizada a mídia para manipular a massa.

    Interessante é saber que os donos das emissoras não podem ter mais de cinco canais em todo o território, mas no Brasil as emissoras são privadas, o que fazem eles manterem uma programação exclusiva deles.

    É necessário então ser mais critico relacionado à mídia, não podemos ser ingênuos a ponto de aceitar tudo que nos oferecem. Como diz o texto à velocidade que são apuradas e se são mesmo apuras as noticias às vezes são só recortes da realidade ou até mentira.

    Parabéns a dupla: Roberta Damiani e José Pinheiro.

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  5. A mídia no Brasil, é comandada por um seleto grupo. Ao todo, são onze famílias, que detêm o poder de decisão sobre o que estará na TV, jornais e rádios. Apesar da Lei não permitir que Políticos possuam empresas midiáticas, existem casos assim em nosso país, o que mostra a fragilidade do sistema que regula a Mídia.

    O poder de decidir o que deve ou não deve ser pauta, e o enfoque necessário para cobrir algum acontecimento, ficam comprometidos. Os telespectadores se tornam passivos de uma linha de pensamento, e assumem que aquela é a única realidade existente.

    Uma alternativa para esse problema, veio com a Internet. A rede, se usada com bom senso, dá a possibilidade de interação e construção de opinião através de pesquisas embasadas. A mídia através da Internet, é construída por todos e não por um seleto grupo detentor de poder.

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  6. De tempos para cá, ouvimos falar sobre o surgimento de um quinto poder que disputa espaços com a mídia convencional, considerada como o quarto poder. Infelizmente, o poder da mídia está realmente na mão dessas 11 famílias que controlam a organização de nossa sociedade e decidem o que deve ou não ser dito.
    Contra esse poder dominador nos deparamos com um novo poder. Feito pelo povo e para o povo, que veio para denunciar e cada vez com mais força invade nosso dia a dia. São diversas manifestações através de blogs e da internet como um todo, rádios e TVs comunitárias.
    No entanto, esse poder ainda precisa ser bem estruturado, porque muitos confundem a liberdade conquistada junto a internet com um bombardeamento de informação sem apuração e cabe a cada de nós questionar e quando achar necessário ir em busca do fato real.

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  7. Antes de tudo, apenas gostaria de informar que o texto esta com mais de 2.800 caracteres conforme exigido em aula, mas apesar disso o texto está bem conciso e objetivo.

    É triste de ver a situação da mídia no Brasil. Como sempre, o Brasil é o único país que cria leis e regras para ficarem “mofando”. O retrato da mídia no Brasil apresentada aqui mostra claramente a impunidade existente em nosso país. Pequenos grupos de pessoas dominando de forma inconstitucional a mídia no Brasil, políticos com envolvimento direto nos veículos de comunicação, etc.

    Mas por quê não é feito nada a respeito disso? Porque o governo se aproveita. Ao invés de agirem conforme a lei e irem atras dos grandes dominadores da mídia, ficam quietos para não atrapalharem seus interesses.
    Enfim, se o problema do Brasil fosse só esse estaríamos vivendo num paraíso!

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  8. A mídia desde a sua criação foi uma forma de controle de massa, não importa qual mídia, tanto o rádio, quanto o jornal e principalmente a televisão. A internet chegou para causar verdadeiras mudanças na dinâmica das mídias, mas não na mente das pessoas.

    Se pensarmos como Umberto Eco em seu livro “Apocalípticos e Integrados” e pensarmos na noticia, ou na mensagem que as mídias passam, como um “produto cultural”, a internet (de certa forma) trouxe a democratização da cultura e podemos até dizer que criou uma nova cultura, a cybercultura. Mas o que é a cybercultura? Cybercultura é a mudança da hierarquia cultural, digamos assim. Antigamente a cultura, saia de um único ponto, para diversos outros pontos, ou seja, um único gerador de cultura, para vários receptores de cultura. Agora, a cultura sai de diversos pontos, e chega em diversos pontos, ou seja, todos podem produzir e receber cultura ao mesmo tempo.

    Em tempos onde, algumas família controlam toda e qualquer informação que recebemos pelo meios tradicionais, a internet veio como uma brisa fresca para quem realmente quer saber o que acontece no mundo.
    Parabéns a dupla pelo trabalho 😀

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  9. É triste ver que a mídia está centralizada nas mãos dos grandes “Donos da mídia”. Mas será que a mídia tem dono? E a liberdade de expressão e imprensa?
    Um assunto bem discutido em relação à esta questão é o que chamamos de “Democratização da Comunicação”, que nada mais é do que a ampliação às massas do acesso tanto à recepção quanto à emissão de produtos de comunicação.
    Sobre isso, penso que seria interessante um tipo de comunicação pública e descentralizada, que se pensasse em uma estrutura que realmente levasse à população a diversidade cultural, e não a “indústria cultural” que é o que os “donos” da mídia realizam. As pessoas não precisam de outras para pensarem por elas, mas que elas pensem por si mesmas. Que sejam produzidos novos sentidos em todas as culturas e em diferentes meios.

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